Pelas palavras...
- Marco Túlio
- Não importa a visão da cidade/ E sua face atormentada dando voltas no quarteirão/ Nossos olhos erguidos além do concreto/ Vêem as copas das árvores e não espantam pássaros/ Também aprendemos a pousar na linha esticada/ Para ver o sol nascer.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Os favos dos dias únicos
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Os frutos maduros do céu
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Sagrados olhos
sexta-feira, 5 de junho de 2009
-Meu livro de poemas disponível para download-
Amargo - Música de Jayme caetano Braun
Velha infusão gauchesca
De topete levantado
O porongo requeimado
Que te serve de vazilha
Tem o feitio da coxilha
Por onde o guasca domina
E esse gosto de resina
Que não é amargo nem doce
É o beijo que desgarrou-se
Dos lábios de alguma china!
A velha bomba prateada
Que atrás do cerro desponta
Como uma lança de ponta
Encravada no repecho
Assim jogada ao desleixo
Até parece que espera
O retorno de algum cuera
Esparramado do bando
Que decerto anda peleando
Nalgum rincão de tapera!
Velho mate-chimarrão
As vezes quando te chupo
Eu sinto que me engarupo
Bem sobre a anca da história
E repassando a memória
Vejo tropilhas de um pêlo
Selvagens em atropelo
Entreverados na orgia
Dos passes de bruxaria
Quando o feiticeiro inculto
Rezava o primeiro culto
Da pampeana liturgia!
Nessa lagoa parada
Cheia de paus e de espuma
Vão cruzando uma, por uma
Antepassadas visões
Fandangos e marcações
Entreveros e bochinchos
Clarinadas e relinchos
Por descampados e grotas
E quando tu te alvorotas
No teu ronco anunciador
Escuto ao longe o rumor
De uma cordeona floreando
E o vento norte assobiando
Nos flecos do tirador!
Sangue verde do meu pago
Quando o teu gosto me invade
Eu sinto necessidade
De ver céu e campo aberto
É algum mistério por certo
Que arrebentando maneias
Te faz corcovear nas veias
Como se o sangue encarnado
Verde tivesse voltado
Do curador das peleias!
Gaudéria essência charrua
Do Rio Grande primitivo
Chupo mais um, pra o estrivo
E campo a fora me largo
Levando o teu gosto amargo
Gravado em todo o meu ser
E um dia quando morrer
Deus me conceda esta graça
De expirar entre a fumaça
Do meu chimarrão querido
Porque então irei ungido
Com água benta da raça!!!
quinta-feira, 4 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Até o avesso
Queria te encontrar
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Cômodos e quintais
terça-feira, 19 de maio de 2009
As memórias do ar
Para onde vão estes pássaros em nossa ausência?
sempre terão outros galhos para pousar...
De todos os sonhos
eu lembro de um que nunca deixei
mas os sonhos se parecem como penas soltas no ar
a diferença é, que, nos pássaros
as penas voltam a nascer
Eu, com aquela pena
apenas tento escrever
as memórias do ar
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Estação Zoo!
quarta-feira, 13 de maio de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Ser feliz, quase sem saber...
Esta noite, apenas sorri
é assim que venho amanhecer
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Retrato do céu
quero deixá-las na borda do lago
Depois que entrarmos elas se espalharão
e então vai ser possível até ver os seus reflexos no céu
E quem dirá que elas são de lá?...
Será nosso segredo
dentro das mãos
Olha!
Nós dois
estamos na superfície da água
e no âmago do universo
surpreendidos pela luminosidade dos olhos
no âmago da água
e na superfície dos olhos
absorvidos pela luminosidade do universo
Tudo é o quanto se sente...
O amor é preciso, vai fazendo pontes até acertar os trilhos
Os abismos servem pra lembrarmos do quanto um dia estivemos no início
isso vai ajudar a ter braços fortes pra puxar
se, um dia, um de nós estiver caindo
Dois corações que se encontram cumprem um ciclo
atravessam vales que antes eram temidos
ferem-se nas pontas dos galhos
mas fazem dos frutos curativos
Os lábios se reconhecem enquanto respiram
dentro dos lábios que aquecem enquanto nos fazem mais vivos
Levo estrelas na palma da mão
são cinco pontas...
são cinco dedos...tua mão...
retrato do céu
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Noturna
sexta-feira, 1 de maio de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
A face de Deus
Porque a nada se assemelha
Porém, a tudo se reconhece
Inclusive as próprias mãos que lhe buscam tocar
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Atelier
Espalha telas no atelier
Mas esconde os pincéis em jardins sem endereço
Por isso comecei a pintar com as mãos
E não me importei em manchar-me
Estiquei lençois em altos cordões
E respinguei as sobras guardadas das cores
Tingi estações com o gosto de um descampado que as sente
Através da memória presente do seu capim
E, no fim dos dias
Recolhi cada pano e estiquei sobre o chão da sala para dormir
Mas, apesar das cores, havia sempre ao meu lado uma parte em branco...
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Intervalos
Escondendo-se em meio às árvores...
Eis que vós deixastes sobre a mesa
O fruto são de todas as suas refeições
E estendestes o tapete em frente à porta
À espera das folhas que logo virias a varrer
Eis que, ao vosso sono te espelhastes nas lembranças
E ao acordar ainda te vestes invertido
E tiveste chance pra sentir, escolhendo outros sentidos
Mas como não ficastes lá...
Há um intervalo...
Vestígio de sombra inalterado
Que, por mais que chores
Parece nunca poderes regar de força este instante
Para que brotem hoje as flores de antes
Eis que vós deixastes um recado
Num papel em branco
Que virias a ler ao mesmo tempo em que escreves
Tuas mãos se encontram com as palavras
E as emoções se dilatam
Preenchendo com esperança os espaços
Nesses intervalos...
quarta-feira, 22 de abril de 2009
À meio caminho das estrelas
Estou na borda da tela
cuidando pra não esmaecer a cor
mas é cansativo
por isso resolvi olhar para o seu desenho
e assim entrei na sua história
A tinta estava molhada
percebi que eram lágrimas que vinham do fundo
nos poros da alma, nos furos do pano
Achei que não devia misturar as cores
misturei a mim mesmo entre os cantos dos teus olhos pintados
e ali fiquei...
num dos quadros que os vidros da janela espelharam
e que quando a luz de dentro acendia
ficava refletido na vidraça com todo o resto da paisagem lá fora
O sol nos fotografa em muitas manhãs
tenho pra mim que ele nos revelará
e, com a ajuda do vento
em sequência, dará movimento a cada imagem
e, com a ajuda da chuva irá nos tirar do papel
nem que seja na eternidade de um único dia
até que a lua absorva a poesia que o orvalho da tarde deixou
a meio caminho das estrelas...
domingo, 19 de abril de 2009
Da noite
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Tecendo as horas
Sou eu descalço do tempo, desaprendendo o linear do destino
Desenhando em folhas que o vento leva, texturizadas entre nuvens
Não sei senão aquilo tudo o que tu já sabes
Pelos mesmos olhos, vivo surpreendendo os meus sentidos
Que ora se aproximam, ora se afastam...
Traduzo em mim o teor de tudo aquilo que escrevo
Despindo-me do medo que outrora engoliu meu pranto
Eu me refaço, me invento, me acomodo
Contemplo o mar que desenhou o arrepio na fina margem dos poros
Quando não tenho o que dizer, apenas canto
E assim, o meu prazer, que dura instantes
Me arremete em tantos...
Que, por mais que alguns dias eu caia para trás, eu me levanto
E os próximos momentos passam a ser melhores do que antes
Beleza
Felizes somos quando
Mesmo conhecendo tanto
Ainda nos permitimos admirar o pouco tão intensamente
Como se fosse sempre a primeira vez!
quarta-feira, 8 de abril de 2009
A luminosa gestação do tempo
Amada!
Tua casa, aquela cujos cômodos
Abrigam o amor das almas
E os móveis exalam o aroma das flores
Teu calor que se dilata entre as plantas
Tuas mãos molhadas
Carregadas de suor, intimidade ou pranto
Tuas asas brancas...
E o mistério oculto das lembranças
Que os teus pés tocaram
Teus lábios
Cuja forma gentilmente se encaixa
Numa saudade antecipada... Tão minha...
Tua voz que se entrelaça
Pela boca entreaberta, e que me cala
Num silêncio sensível e seguro; e eu te admiro
Tua escada de paixão que atravessa
Todo o muro que separa em solidão
Tua tez que me abraça
Pelo som que o corpo amplifica
Quando os olhos se fecham
E as costas dos meus dedos se eternizam nas tuas costas...
Deslizo os meus destinos por tantos caminhos no mundo
Pra me encontrar
Pra te encontrar
Nos férteis sonhos profundos
Que realizo neste momento
Abrindo a porta da tua morada
Depois da luminosa gestação do tempo
terça-feira, 7 de abril de 2009
Coisas vivas
As mãos, quando escrevem
criam laços profundos entre as palavras..
porque vão além do que as letras podem conter!
Grão
brotam nos canteiros do tempo
e criam raízes profundas
Também quero semear...
segunda-feira, 6 de abril de 2009
O orvalho e a flor
compreenda apenas meus olhos.. em ti...
O orvalho sob as pétalas repousa
fecundando a luz na essência da flor
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Transparência
"Se precisar, quebrem-se todos os vidros, com os próprios punhos; pra libertar do aquário o ar que ficou trancado, impedido de se renovar"
terça-feira, 31 de março de 2009
Memória paralela
O frio, quando se entrega à tempestade
prova a água da chuva com os olhos cheios d'água
porque também é feito de gotas
num brilho que se espalha
cada vez que os intermitentes raios se afastam
e as luzes permanentes se aproximam
quinta-feira, 26 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Noite de lua
Desafio a noite
olhando em seus olhos
tenho um coração que pulsa ardente
e não é porque os médicos dizem que ele faz isso apenas para bombear o meu sangue
é mais do que isso...
Pode falar, meus ouvidos não estão surdos
e meus olhos apaixonados escondem o imprevísivel
Não me importo em ser roubado ao absurdo
existem coisas que ninguém nunca leva ao lado escuro
coisas que eu ainda nem descobri
mas não estou aqui para ficar cavando tesouros
sendo que o brilho vivo provém dos olhos
Desafio os olhos, olhando em sua noite
As pipas não sobem sozinhas...
Pelos momentos em que não me ocorrem pensamentos
eu me debruço encantado apenas com o movimento das curvas
A vertigem triste da literatura cicatriza a superfície
mas as feridas só tem cura nas mãos que trazem lágrimas
quando tocam o rosto
proferindo em silêncio raízes
quinta-feira, 19 de março de 2009
Suspenso em galhos
folhas que o vento arrasta
é como se estivessemos somente nós ali, eu e as folhas
A inquietude de ambos
Os sons se dissolvem e as pessoas passam a ser parte das ruas
eu não noto
Ainda não sei se é o tempo que me assalta estes momentos
ou se é o contato indefinido que me acolhe o pensamento
Alguém cutuca-me no ombro
não precisava
será que ele não sabe que eu estava ali?
era só um par de olhos que junto às folhas voava...
Copo do crepúsculo
e encheu de vinho o meu pensamento
Sou o dia esperando pela noite
com o copo do crepúsculo na mão
quarta-feira, 18 de março de 2009
Mensagem
Eu abro meus olhos pela manhã...
Milhões de palavras cairão sobre mim
mas tenho certeza de que nenhuma dirá o que eu preciso ouvir
pois palavras não traduzem o som da tua voz...
Vontade...
Quando sinto o instante que ao meu se assemelha
eu pulo os arames da invisível cerca que me rodeia
para ir ver o mar que os sonhos revelam
onde meus pensamentos se dissolvem
dando lugar à sutil sensação
enquanto as nuvens passeiam nas ondas
e as águas avançam na areia
Não há reposição para o desperdício do agora
Quando o passo se confunde com o caminho
é a fé na estrada o único destino sem a linha da razão
e não me apresso...
pois quem tem pressa
não enxerga a parte de dentro voltada pra fora
Impulsos giram a roda
num trem movido a calor...
terça-feira, 17 de março de 2009
Os próprios pensamentos
É preciso olhar..sem perguntar de um olhar
não se deve duvidar, quando , no fundo, você mesmo sabe que acredita
não crescemos dentro de vidros
não estamos à mostra
porque estamos vivos
Ninguém vai te dizer o que é melhor
ninguém vai te moldar feito barro, só esperando secar
ninguém vai tomar teus pensamentos num cálice artesanal
A influência corrói aos poucos, como ferrugem
como um parasita que te consome o essencial sem você notar.
Quem tem um ideal tem que lutar
aprender a desviar dos degraus
pois eles só te farão subir a outro andar
até te isolarem numa sala de espera
com uma janela que te mostra aonde realmente deveria estar.
Aos desejos não cabem desvios
nem setas
nem mãos à mostrar direção
nossas vidas todas são diferentes
pra uns, mais fundos são os mares
pra outros, as margens são raridades dos rios
diferenciam detalhes
mas as águas são as mesmas...
Só a mão de quem vier com a gente já basta
através dela dá pra sentir as batidas do seu coração.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Íris
Esse caminho... história que o passado desconta em versos avulsos
talhando a pele dos sonhos mais profundos
Olhos de íris amarela
desenhado em folhas velhas o prenúncio do futuro
um deserto para cada marujo sem teto
que perdeu o seu barco no fundo
A roda gigante desce do arco e espalha seus aros
lâmpadas fluorescentes
cortinas de luz que cansaram de ser apagadas pelo dia
A criança continua no banco
com algodão-doce em uma mão
e na outra um pano para afagar seu rosto
enquanto tudo ao redor não for suficientemente humano
Mas logo estará em casa de novo
sábado, 14 de março de 2009
Dedicação
A dedicação torna as obras maiores do que podemos imaginar
porque ela vem do interior
e o interior é sem tamanho...
sexta-feira, 13 de março de 2009
Sintonia
O amor... é silencioso
mas o mercado o pôs à venda...
pôs a venda nos olhos das quais ele habita.
Corações na prateleira
embalados e conservados na temperatura ideal
devido ao seu temperamento.
Agora que o "amor" já foi examinado
e todas as suas diferenças foram catalogadas
fica mais fácil...
Afinal, para trocar os sapatos
basta desfazer os laços...
e, há tanta oferta, que até a dor vira prova de status
E o preço?... paga à vista
com os olhos ainda vendados, vendidos à prazo
para cobrir os gastos com a anestesia
Em nome do amor qualquer sinal é assinado
mesmo que não tenha rosto
e ainda dizem: "quem vê cara não vê coração"
mas pra quem não vê um dos dois
sempre fica faltando um pedaço...
O amor... é silencioso
o resto... é ruído
falha no entretenimento entre canais mal sintonizados
O mundo se apressa...
e empresta a alma para exposição
sem sentir se háverá como repôr
quarta-feira, 11 de março de 2009
Let the horses run..
"Não se usa filtros quando a água brota da fonte"!
Se não compreendes que a poesia é invisível aos olhos que a querem enfeitada
é porque ainda acreditas ser o rosto de dentro
quando vês apenas as máscaras.