Pelas palavras...

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Não importa a visão da cidade/ E sua face atormentada dando voltas no quarteirão/ Nossos olhos erguidos além do concreto/ Vêem as copas das árvores e não espantam pássaros/ Também aprendemos a pousar na linha esticada/ Para ver o sol nascer.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Cerimônia do amanhecer


Eu cubro a noite com as asas encurvadas de sonhos

E ouço o gemido nas glândulas de nuvens

Cuja tempestade desperta

É tarde apenas para o dia, que se encerra

Em ramos de sombra no céu

A madrugada ainda levanta

Sacudindo os cabelos

Moldando as ancas

Para receber o sexo quente do universo

Me sinto um lobo, sentado, na chuva

Uivando sonhos em silêncio

Lambendo as bordas dos lábios da lua

Com a língua de fogo

Cubro a noite, com meus olhos entreabertos

Feito o pôr-do-sol

Na meia-luz do poema que desnuda a carne

Sem ferir a alma, ainda tímida e suave

Qual desperta a pele intocada do amanhecer




1 comentários:

Jacinta Dantas disse...

O bom de dormir e afastar-se do dia, é ter a possibilidade de acordar com a magia desse amanhecer. Que lindo esse poema!