Pelas palavras...
- Marco Túlio
- Não importa a visão da cidade/ E sua face atormentada dando voltas no quarteirão/ Nossos olhos erguidos além do concreto/ Vêem as copas das árvores e não espantam pássaros/ Também aprendemos a pousar na linha esticada/ Para ver o sol nascer.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O mistério dos sonhos
és o coração do infinito
quando te esconde entre nuvens eu rio sozinho
porque te imagino indo além dos teus ares conhecidos
te imagino planando acima dos raios
fazendo planos de ir para fora de todos espaços marcados pela atmosfera
e fico em silêncio quando retornas e pousa no chão
recolhendo gravetos pra construir o teu ninho
fico em silêncio porque sinto que guardas em ti
todo o mistério dos sonhos
e a nobreza de construí-los com os teus mais simples dons
Se o universo é mesmo tão distante e ainda podemos notar
é pra nos mostrar o quanto estamos perto do que nos eleva
sem precisar de fato voar...
Pra quem não sabe onde vai...
a vida, vista de todos os ângulos
não importa como..
Até quem nunca pôde enxergar
sabe que o mundo é redondo
e que, andar só pra frente sem parar, é apenas dar voltas em círculos
e assim mesmo
o ponto de saída nunca há de ser no mesmo lugar
portanto
vejamos ao nosso redor
enquanto é tempo...
enquanto o espaço que ocupamos
ainda não é o vácuo supremo
que um dia nos ocupará...
Pra quem não sabe onde vai.. é porque ainda deve ficar
Viva cada momento!
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Abraço de nuvens
Eis que, o abraço de nuvens toma formas
No arrepio que a alma pressente
Aproxima...
Passeando por este jardim de sonhos reais.
Colhemos dentro das lágrimas
As luzes que precedem cada amanhecer
E as colocamos gentilmente nos olhos da noite
Para brilharem os segredos do infinito.
Suplico que a chuva encontre nossa face
E abrace o instante
Deitados na grama, vendo o céu com os olhos fechados...
Na chuva, as dores se misturam com os pingos
E escorrem como o suor de um corpo cansado
Limpando a íris e o cristalino
Para que estejam prontos quando o sol abrir seus raios.
Um anjo que pinta suas paisagens, começa a sorrir
Tingida com a mais bela cor
Sempre teve a paisagem dentro de si
E, abrindo os sentidos prova o sabor
São as suas próprias asas que amparam o teu vôo
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Uma história muito boa tirada de um site!
Conta certa lenda que estavam duas crianças patinando num lago congelado. Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam despreocupadas.
De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, vendo seu amiguinho preso e se congelando, tirou um dos
patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e libertar o amigo.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!
Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Pode nos dizer como?
- É simples. - respondeu o velho - Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que não seria capaz.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Cristalino
eu encontro assim
aqui
deitado de olhos fechados
e a paisagem se reflete ali fora, como um retroprojetor
a realidade surge
nem sempre é a paisagem em si
mas ela vem de alguma forma que eu posso sentir
então a reconheço
e me sinto em casa
seguro para seguir adiante, sem ser coadjuvante de mim
Perto do sol que há em cada um
Há tantos e tantos cômodos vazios
tantas coisas arrumadas e limpas dentro de casa
tiramos a poeira para que a poeira sente sob os móveis de novo
é assim quando os dias são iguais...
Mas, eis que há um propósito maior em cada pequeno gesto
aquela porta que abrimos
não é somente para o sol entrar
aquele olhar lançado para o céu
procura num visgo de luz estremecida o calor a quem dedica sua admiração
nada é somente para estar ali
tudo se traduz nos corações preenchendo-se lentamente
enquanto plantam suas sementes pelos campos de uma nova estação
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Pólen!
Algo em ti se revela tão amplo que me toca, mesmo de longe
Vem, que a lua já banhou as flores e todas as cores esperam os teus olhos para abri-las
Porque tu és orvalho e eu sou o campo onde podes repousar
Eu te guio e te levo no meio da relva, apenas nós dois
Colhendo os momentos mais esperados
Tenho um cesto de vime, onde podemos colocar nossos sonhos e prová-los um a um
A poesia exala em meus poros...não posso nem quero evitar
Minha inspiração encontrou o pólen perfumado da tua alma
E agora, o sol se refaz nas manhãs como um sinal
Pra eu sentir tuas pétalas...
Pleroma
O segredo é o ponto onde quer se chegar
Mas o segredo é e está
Pleroma
Bastam alguns segundos no quarto escuro
Para que nossos olhos se acostumem
E, por mais que não haja luz
Nós podemos ver as definições da matéria
Com a clareza
Vinda da presença interior de uma consciência única
Em contato constante
Com o fundo linear de todas as coisas
Quando estiveres numa metrópole
Por uma rua cheia de pessoas, cheia de pressa
Pare, olhe, escute...
Preste atenção no que é e está
O ontem, hoje e o futuro são a essência completa
Se há falhas no tempo é porque não contastes todos momentos
Há um certo ponto em nós, humanos
Em que as esquinas nos levam
Além de onde sempre vamos...
sábado, 29 de novembro de 2008
Tudo passa.. Tudo fica...
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
De dentro...
Às vezes
Quando me deparo com o turbilhão das trevas
Eu clamo em silêncio...
Revelas-me então a permanência da luz...
Vejo através de olhos que já não são os meus...
Todos os caminhos seguem algum sentido
todo o sentido vem de dentro...
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Intimidade com a palavra
Meus dedos incitam sempre criar raízes por entre as páginas
Secreto vício mirado entre lacunas
Paixão...
Fonte solúvel da poesia íntima
Escrever.. Como se, sutilmente a pele mais frágil da inspiração
Fosse tocada pela tinta espessa do âmago em demasia
Página em branco preenchida lentamente
Úmidas palavras...
Melodia silenciosa que se aproxima, em poros que respiram
Arrancando suspiros, envolvida nos braços do pensamento
Nua poesia se encaixando num papel, no meio do livro
Provando da própria essência, nos olhos que a lêem em movimento
Num elo que lhe transporta para um fluxo paralelo
Aonde ela consegue alcançar a si mesma
Aonde o papel se dobra em origami e toma as formas do universo
A perfeição é um estado de graça
Em que os dois se misturam
E, por instantes, relativamente eternos, flutuam ávidos na consciência de Deus
No coração da vida que evanesce por trás de cada significado
Pra ser apenas sentido...terça-feira, 25 de novembro de 2008
Ao alcance
A sabedoria
É incomparavelmente maior do que o conhecimento
Porque é simples e do tamanho que existe
Ela não pode ser adquirida
Somente acessada
Ela faz parte de uma compreensão mental
Exatamente ao alcance de todos
Não existe nada superior ou inferior
Torres de marfim
Torres de marfim
Feito costelas, penduradas no macio do campo
Cuja pele foi arrancada pelo vento
E a carne dissecada pelo sol
Em fios de alta tensão
Varal de ossos metálicos conduzindo força
Longe do chão
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Densa cúpula
A timidez é como uma cúpula de vidro
Você está lá dentro
Você está tão sozinho, e às vezes sabe disso
As pessoas falam com você
As pessoas falam de você
Mas você não vai mais responder
Porque sabe que do vidro a voz não vai passar
Mas você tenta sair
E você pode quebrar
Mas então uma voz lhe diz que não vale à pena tentar
Porque os cacos poderão cortar teu silêncio
Você pode se ferir
Porque as pessoas pensam coisas sobre você
Que geralmente não tem nada haver
Coisas mal resolvidas nelas mesmo
E quanto mais você cresce
Menos espaço você tem
E você teme o exterior
Porque só conhece o interior
Mas o interior também vale à pena
E não será solitário no pensamento
A mesma voz te dá a força quando diz que não dá
Não é porque a maioria está do lado de fora
Que seja melhor também sair
Você é o único que sabe o quanto quer voar
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Caminhar noturno
Noites de solidão
Vozes que a rua ecoa
Não posso ouvir meus passos
Porque já não conto mais com o caminho
Nem fazem sentido as luzes acesas
Que se apagam depois que eu passo
Meus olhos alcançam a realidade
Enquanto meus sonhos pairam no noturno infinito
Por quais estranhos atalhos foram deixados
Os espíritos, que, nessas horas
Estendiam-me os braços?
Nesses atalhos eu havia esquecido de mim
domingo, 16 de novembro de 2008
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Detalhes do universo
Eu quero o beijo mais longo
Na noite mais fria
Com a chuva mais forte
Eu quero a realidade no mundo
E o sonho na poesia
E a poesia no mundo pra sonhar todo dia
Só não adianta ter raiva da vida
Quando passam as horas
Porque, no fundo, é somente elas que passam
Por isso o beijo é mais longo
E a chuva é mais forte
Sou eu que faço em mim as ondas serem maiores
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Regresso
No íntimo contato dos olhos com o céu
Onde os pensamentos instantâneos são dissolvidos
E as lembranças pairam como nuvens
Rastros em arcos que nos unem
O cerne do ser regressa à vontade
Feito a criança que se pendura no galho da árvore
E se torna fruto de provar a liberdade em asas ocultas
É provável que repousem penas soltas
Que não sabemos de onde virão
Porque estaremos olhando pro céu a procura de pássaros
Sem prestar atenção em nós mesmos...
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
As coisas simples...
Ah se muitos soubessem...o quanto valemos
o que vemos é a menor parte de nós
mesmo assim tornamo-nos pesados
porque é mais fácil de lidar com coisas prontas
com seres embalados e, se possível fervidos
temperados apenas pra ter um gostinho
As prateleiras de pessoas estão cheias de enlatados
misturados desde cedo em conservantes
rótulos..código de barras para identificar a origem
selo de qualidade e prazo de validade para provar o quanto foram preocupados com nosso presente
pois dizem que é só isso que temos...
A essência existe, mas não está em nenhum destes corredores, que todos os dias ficam vazios depois de esgotarem o horário e cumprirem tarefas
a essência está na sensibilidade crua de quem acolhe um coração e o aceita como ele é!
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Pétala colhida
A solidão vestiu-me com seus olhos trêmulos e úmidos
passou a mão em meus cabelos
e, em silêncio, escreveu para mim uma carta
não jurou-me amor, nem mesmo demonstrou medo em aceitar meu peito
pois não lhe pedi nada, ela sabe que não existe essa história de que nos roubam a alma
nunca mais eu havia chorado
mas quando ela deitou seu rosto sob a minha perna e adormeceu
senti que confiança é a pétala colhida que mantém o perfume da rosa
deixei escorrer o turvo peso do gelo
e por instantes senti-me num útero com os olhos quase abertos
A solidão entra em meu quarto, bebe junto o meu vinho
e rimos dos tropeços na vida
às vezes ela me bate forte e tem raiva quando eu digo que ela me dói
mas ela bate forte pra mostrar que é melhor doer do lado de fora
nunca falamos de amor
porque é ele que nos conta as histórias
e ela me faz compania...
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Dimensões
Sei do segredo que contam as minhas mãos
Meu coração é pólen
Disperso da flor que nunca mais vi
E semeado silenciosamente entre os lábios das manhãs
Enquanto os pássaros passam sem tocar o chão
Não sei de onde vem e nem para onde vão
Mas fiz questão de olhar nos seus olhos
De dentro da minha própria escuridão
Que é apenas a noite em dimensões sem par
Preciso brotar nas estações
Em que as flores exalam seu líquido amargo
Porque o doce é apenas um gosto ao palato
Mas na essência, quase de sal
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Livro das dores
É por um sopro cansado que meu espírito escoa
Como um lustre de desbotadas lâmpadas
Despejando luzes mornas
Num assoalho sem tapete
Aquela ferida, que, sem querer eu tiro a casca
Toda vez em que seca
E toda a pele ao redor inflama
Num gesto de sombra dilatada a rotina me alcança
A voz da mente se espanta ao ser encontrada
Eis que a mão levanta
E começa a escrever
Admiração
Não tenho medo da chuva
Ao contrário, é dela que eu gosto
É por ela que eu me refaço em lágrimas quando me atormento
Ou apenas quando sorrio
Porque a tenho dentro de mim
E sei o quanto ela se parece com as estrelas
Dentro da chuva eu conduzo a tez do universo
Sou o lago onde a lua banhou seu sexo e pariu a noite
Dentro da chuva minha alma não sente saudade
Apenas amor...
Destino
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Distância
...É como o sopro leve
Que me faz fechar os olhos
E deixa escorrer uma gota de saudade
Até o canto dos meus lábios entreabertos a te esperar!
De volta
Olhe para a larga presença da parede branca
Os riscos dissipados que se movimentam
A energia que se desprende
São nossos olhos que a tiram de lá
Quão lúcidos e conscientes
E é tão normal quanto pensar
Não precisamos de substâncias pra usar a mente
Mas me deixa triste ver este mundo infinito
Que se esconde nas coisas
Porque eu entro no lago
E sua superfície congela, me deixando no fundo
Vejo os outros passarem
Mas não sei se eles me vêem
Então apresso os meus passos pra seguir sempre junto
Embora minhas palavras sejam difíceis de compreender
Elas são como tubos de ar por onde respiro
E é com elas que eu quebro o gelo e volto
Voltar faz parte de mim
Mas outra parte maior me faz seguir pro fundo extenso de tudo
Não sei dizer se me perguntam sobre o que sei
Eu apenas sei que não há o que responder...
Temos diferenças, mas somos todos iguais
E por contradições se desenrola o viver
Estou numa casa de frente para o mar? Talvez...
Assim como é possível querer
E, feito a parede, tudo pode mudar
Sem deixar de ser e estar
Lugar seguro é onde a gente gostar
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Convés
Dias negros em que danço com a morte despida
Ela tem um colar afiado que machuca os meus sonhos
Ela veio no corredor que, há pouco era infinito
E tornou estreita qualquer vida...
De triste, ainda tem um carisma
Embargados nas suas águas sem portos
Cicatrizamos a inútil sala do horizonte
Apostos no convés onde os mastros já arearam velas
Acenando para a própria imagem que derrete
Metros à frente da proa
Frios segredos
Que me lançam na corte da piscina vazia
Fitando estrelas nos lábios da morte
Enquanto ela passeia pingando fel na minha língua
Tão bonita que não vale à pena seguir sozinho
Para ilhas breves
Sei que, quando, ela
Em declínio se pôr por trás de cada onda
Seus braços estendidos me levarão consigo
Pra dentro do mar gentil...
E ela dança
E me olha
Acho que ela sonha
E, se ela dorme...pode esperar até amanhã
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Por causa da garoa
Como podes não ser estrela?
Se uma parte da humanidade te vê brilhando
E a outra parte só não te vê porque dorme...
Ilha
É de noite
E eu fico ouvindo a chuva
E o som dos trovões, de um quarto escuro
Que me faz lembrar os quadros
Que eu nunca terminei
E eu cato os papéis no chão
Pra queimar meu coração
No próximo clarão de um raio
Uma taça de vinho tinto
Escrevo lastros de esperança
Porque meu peito, em estendidas fibras quase rebenta
E, sorvendo cada palavra feito uma taça de vinho
Eu ando em meio aos espinhos
Pra ousar na dor a física essência
Talvez, na medida em que eu a compreenda no exterior
Eu aprenda a suportar o frio que me corta por dentro das veias
Há uma vontade e uma força extrema em cada poema
Como uma família
Onde cada um senta em separadas cadeiras
Mas reunidos numa só mesa
Interligados os elos, eles se completam
Nos levam ao litoral e voltam
Deixando a cama pronta pra quando o sono chega