Porque a nada se assemelha
Porém, a tudo se reconhece
Inclusive as próprias mãos que lhe buscam tocar
Amada!
Tua casa, aquela cujos cômodos
Abrigam o amor das almas
E os móveis exalam o aroma das flores
Teu calor que se dilata entre as plantas
Tuas mãos molhadas
Carregadas de suor, intimidade ou pranto
Tuas asas brancas...
E o mistério oculto das lembranças
Que os teus pés tocaram
Teus lábios
Cuja forma gentilmente se encaixa
Numa saudade antecipada... Tão minha...
Tua voz que se entrelaça
Pela boca entreaberta, e que me cala
Num silêncio sensível e seguro; e eu te admiro
Tua escada de paixão que atravessa
Todo o muro que separa em solidão
Tua tez que me abraça
Pelo som que o corpo amplifica
Quando os olhos se fecham
E as costas dos meus dedos se eternizam nas tuas costas...
Deslizo os meus destinos por tantos caminhos no mundo
Pra me encontrar
Pra te encontrar
Nos férteis sonhos profundos
Que realizo neste momento
Abrindo a porta da tua morada
Depois da luminosa gestação do tempo