
assim como a alma permanece...
Meus dedos incitam sempre criar raízes por entre as páginas
Secreto vício mirado entre lacunas
Paixão...
Fonte solúvel da poesia íntima
Escrever.. Como se, sutilmente a pele mais frágil da inspiração
Fosse tocada pela tinta espessa do âmago em demasia
Página em branco preenchida lentamente
Úmidas palavras...
Melodia silenciosa que se aproxima, em poros que respiram
Arrancando suspiros, envolvida nos braços do pensamento
Nua poesia se encaixando num papel, no meio do livro
Provando da própria essência, nos olhos que a lêem em movimento
Num elo que lhe transporta para um fluxo paralelo
Aonde ela consegue alcançar a si mesma
Aonde o papel se dobra em origami e toma as formas do universo
A perfeição é um estado de graça
Em que os dois se misturam
E, por instantes, relativamente eternos, flutuam ávidos na consciência de Deus
No coração da vida que evanesce por trás de cada significado
Pra ser apenas sentido...A sabedoria
É incomparavelmente maior do que o conhecimento
Porque é simples e do tamanho que existe
Ela não pode ser adquirida
Somente acessada
Ela faz parte de uma compreensão mental
Exatamente ao alcance de todos
Não existe nada superior ou inferior
Você está lá dentro
Você está tão sozinho, e às vezes sabe disso
As pessoas falam com você
As pessoas falam de você
Mas você não vai mais responder
Porque sabe que do vidro a voz não vai passar
Mas você tenta sair
E você pode quebrar
Mas então uma voz lhe diz que não vale à pena tentar
Porque os cacos poderão cortar teu silêncio
Você pode se ferir
Porque as pessoas pensam coisas sobre você
Que geralmente não tem nada haver
Coisas mal resolvidas nelas mesmo
E quanto mais você cresce
Menos espaço você tem
E você teme o exterior
Porque só conhece o interior
Mas o interior também vale à pena
E não será solitário no pensamento
A mesma voz te dá a força quando diz que não dá
Não é porque a maioria está do lado de fora
Que seja melhor também sair
Você é o único que sabe o quanto quer voar
Vozes que a rua ecoa
Não posso ouvir meus passos
Porque já não conto mais com o caminho
Nem fazem sentido as luzes acesas
Que se apagam depois que eu passo
Meus olhos alcançam a realidade
Enquanto meus sonhos pairam no noturno infinito
Por quais estranhos atalhos foram deixados
Os espíritos, que, nessas horas
Estendiam-me os braços?
Nesses atalhos eu havia esquecido de mim