assim como a alma permanece...
Pelas palavras...
- Marco Túlio
- Não importa a visão da cidade/ E sua face atormentada dando voltas no quarteirão/ Nossos olhos erguidos além do concreto/ Vêem as copas das árvores e não espantam pássaros/ Também aprendemos a pousar na linha esticada/ Para ver o sol nascer.
sábado, 29 de novembro de 2008
Tudo passa.. Tudo fica...
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
De dentro...
Às vezes
Quando me deparo com o turbilhão das trevas
Eu clamo em silêncio...
Revelas-me então a permanência da luz...
Vejo através de olhos que já não são os meus...
Todos os caminhos seguem algum sentido
todo o sentido vem de dentro...
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Intimidade com a palavra
Meus dedos incitam sempre criar raízes por entre as páginas
Secreto vício mirado entre lacunas
Paixão...
Fonte solúvel da poesia íntima
Escrever.. Como se, sutilmente a pele mais frágil da inspiração
Fosse tocada pela tinta espessa do âmago em demasia
Página em branco preenchida lentamente
Úmidas palavras...
Melodia silenciosa que se aproxima, em poros que respiram
Arrancando suspiros, envolvida nos braços do pensamento
Nua poesia se encaixando num papel, no meio do livro
Provando da própria essência, nos olhos que a lêem em movimento
Num elo que lhe transporta para um fluxo paralelo
Aonde ela consegue alcançar a si mesma
Aonde o papel se dobra em origami e toma as formas do universo
A perfeição é um estado de graça
Em que os dois se misturam
E, por instantes, relativamente eternos, flutuam ávidos na consciência de Deus
No coração da vida que evanesce por trás de cada significado
Pra ser apenas sentido...terça-feira, 25 de novembro de 2008
Ao alcance
A sabedoria
É incomparavelmente maior do que o conhecimento
Porque é simples e do tamanho que existe
Ela não pode ser adquirida
Somente acessada
Ela faz parte de uma compreensão mental
Exatamente ao alcance de todos
Não existe nada superior ou inferior
Torres de marfim
Torres de marfim
Feito costelas, penduradas no macio do campo
Cuja pele foi arrancada pelo vento
E a carne dissecada pelo sol
Em fios de alta tensão
Varal de ossos metálicos conduzindo força
Longe do chão
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Densa cúpula
A timidez é como uma cúpula de vidro
Você está lá dentro
Você está tão sozinho, e às vezes sabe disso
As pessoas falam com você
As pessoas falam de você
Mas você não vai mais responder
Porque sabe que do vidro a voz não vai passar
Mas você tenta sair
E você pode quebrar
Mas então uma voz lhe diz que não vale à pena tentar
Porque os cacos poderão cortar teu silêncio
Você pode se ferir
Porque as pessoas pensam coisas sobre você
Que geralmente não tem nada haver
Coisas mal resolvidas nelas mesmo
E quanto mais você cresce
Menos espaço você tem
E você teme o exterior
Porque só conhece o interior
Mas o interior também vale à pena
E não será solitário no pensamento
A mesma voz te dá a força quando diz que não dá
Não é porque a maioria está do lado de fora
Que seja melhor também sair
Você é o único que sabe o quanto quer voar
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Caminhar noturno
Noites de solidão
Vozes que a rua ecoa
Não posso ouvir meus passos
Porque já não conto mais com o caminho
Nem fazem sentido as luzes acesas
Que se apagam depois que eu passo
Meus olhos alcançam a realidade
Enquanto meus sonhos pairam no noturno infinito
Por quais estranhos atalhos foram deixados
Os espíritos, que, nessas horas
Estendiam-me os braços?
Nesses atalhos eu havia esquecido de mim
domingo, 16 de novembro de 2008
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Detalhes do universo
Eu quero o beijo mais longo
Na noite mais fria
Com a chuva mais forte
Eu quero a realidade no mundo
E o sonho na poesia
E a poesia no mundo pra sonhar todo dia
Só não adianta ter raiva da vida
Quando passam as horas
Porque, no fundo, é somente elas que passam
Por isso o beijo é mais longo
E a chuva é mais forte
Sou eu que faço em mim as ondas serem maiores
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Regresso
No íntimo contato dos olhos com o céu
Onde os pensamentos instantâneos são dissolvidos
E as lembranças pairam como nuvens
Rastros em arcos que nos unem
O cerne do ser regressa à vontade
Feito a criança que se pendura no galho da árvore
E se torna fruto de provar a liberdade em asas ocultas
É provável que repousem penas soltas
Que não sabemos de onde virão
Porque estaremos olhando pro céu a procura de pássaros
Sem prestar atenção em nós mesmos...
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
As coisas simples...
Ah se muitos soubessem...o quanto valemos
o que vemos é a menor parte de nós
mesmo assim tornamo-nos pesados
porque é mais fácil de lidar com coisas prontas
com seres embalados e, se possível fervidos
temperados apenas pra ter um gostinho
As prateleiras de pessoas estão cheias de enlatados
misturados desde cedo em conservantes
rótulos..código de barras para identificar a origem
selo de qualidade e prazo de validade para provar o quanto foram preocupados com nosso presente
pois dizem que é só isso que temos...
A essência existe, mas não está em nenhum destes corredores, que todos os dias ficam vazios depois de esgotarem o horário e cumprirem tarefas
a essência está na sensibilidade crua de quem acolhe um coração e o aceita como ele é!
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Pétala colhida
A solidão vestiu-me com seus olhos trêmulos e úmidos
passou a mão em meus cabelos
e, em silêncio, escreveu para mim uma carta
não jurou-me amor, nem mesmo demonstrou medo em aceitar meu peito
pois não lhe pedi nada, ela sabe que não existe essa história de que nos roubam a alma
nunca mais eu havia chorado
mas quando ela deitou seu rosto sob a minha perna e adormeceu
senti que confiança é a pétala colhida que mantém o perfume da rosa
deixei escorrer o turvo peso do gelo
e por instantes senti-me num útero com os olhos quase abertos
A solidão entra em meu quarto, bebe junto o meu vinho
e rimos dos tropeços na vida
às vezes ela me bate forte e tem raiva quando eu digo que ela me dói
mas ela bate forte pra mostrar que é melhor doer do lado de fora
nunca falamos de amor
porque é ele que nos conta as histórias
e ela me faz compania...